domingo, 21 de julho de 2013

Sobre Redes Sociais, Globalização E O Real Significado Do Verbo "Curtir"




O mundo como conhecemos hoje é moderno, cercado de tecnologias para facilitar nossa vida, para assistir web séries do Super Mario ridículas e que ajudaram a destruir minha infância, para se comunicar, para mentir no trabalho dizendo que estou doente e me esquecer que tenho o supervisor no facebook, que inclusive curte a minha atualização que diz “feriado pessoal”.  

  Daí você pensa que toda essa globalização além de muito positiva, é inteligente, com todo esse acesso a situação tão facilitado. Mas as pessoas esqueceram totalmente o propósito de certas coisas nessa nova era digital. E uma das coisas que perdeu o propósito foras as redes sociais. Sim, porque se pararmos para pensar, em uma situação onde as distâncias são constantemente as maiores possíveis, a telefonia que além de cara não funciona e não há tempo para que tudo seja dito assim pessoalmente, a ideia do facebook, twitter e todo o resto até que faz sentido, como complemento das relações humanas. 

  Mas aí tudo vai por água abaixo muito fácil. Expressar opiniões é algo tão simples e automático. Pior, opiniões prontas, um pensamento que aparece na linha do tempo e parece bom o suficiente para ser adotado por mim, uma ideia que nem foi digerida, mas apenas selecionada e passada adiante. E expressões com significados reais se tornam banais e muito rapidamente: Curtir, compartilhar, seguir, favoritar.

  Você começa a ver que há problema, quando as pessoas começam a viver sua própria Matrix, deixando de sair dos seus lares para investigar assassinatos ou plantar batatas virtuais no mais novo joguinho da moda do facebook. Quando levam um tiro e postam enquanto agonizam, o ocorrido nas redes sociais. E qual o real significado da palavra “curtir”? Curtir deveria ser uma coisa positiva, uma ideia boa de se ver. Mas aí você vê alguém postar que apanhou na rua, perdeu o celular ou que seu cachorro morreu e lá vem dezenas e dezenas de curtidas.

  Isso sem falar nas fotos de comida, nos biquinhos das fotografias tiradas no espelho do banheiro, que ás vezes refletem um vaso sanitário digamos ocupado, no primeiro cocô na fralda do filhinho.  O mais importante é não esquecer da vida lá fora, porque na nova era e guardadas as devidas proporções, as redes sociais são boas encurtadoras de distância. E evite adicionar pessoas do trabalho no facebook, sério mesmo.

domingo, 14 de julho de 2013

Novas Reflexões Sobre Velhice, Legado E O Que Acontece Quando Tudo Fica Preto E Branco


    Todo mundo adora histórias. História pra contar e para ouvir, assim prontinha, de quem fez e viu coisas que você não sonhava existir, que existiram mas que você não vivenciou, ou que são difíceis de acreditar, tipo aquela vez que o amigo do seu avô disse ter visto um chupa-cabra em cima de uma mangueira chupando manga. Além de vegetariana a criatura deve ter poderes místicos ou então estava acompanhada de algum ser da floresta, como a Caipora, porque nem estava no tempo da manga.

  Mas história é história. E quem as vivenciou, ou ao menos teve criatividade suficiente para cria-las, hoje não passa de um vovozinho simpático, que a conta e reconta entre netos, alguns poucos interessados e parentes que só vê no Natal, pessoas que talvez nem seja mais capaz de reconhecer. Só que todos esquecem que entre colírios e fixadores de dentadura, os velhos de hoje foram os jovens de ontem. Que aquele velhinho que hoje sai de casa uma vez por mês e que passa por você na rua, pode ter sido um campeão de boxe, pode ter lutado na Segunda Guerra, pode ter salvado o mundo pelo menos umas três vezes antes mesmo de você pensar em existir, mas hoje é apenas uma figura certa no canto da sala, uma preferência na fila da farmácia.

  O fato é que os velhinhos de hoje foram jovens há 50 anos e outros foram jovens antes deles. E foram nas pequenas e nas grandes coisas que eles deixaram seu legado. Hoje sua tia avô pode não ser a mesma bela visão em trajes de banho na praia, mas ela pode ter sido a primeira no bairro a realizar a proeza de vestir um maiô na juventude dela. O tiozinho que mora no outro lado da rua pode muito bem ter sido o primeiro a ter a ideia de comprar o ingresso do cinema e passar o dia na sala de exibição, para assistir vários filmes pagando pelo preço de um, mesmo que olhando para ele hoje, pareça mais que ele entrou na caravela errada e veio parar aqui. Para o bem e para o mal e para o mundo como conhecemos, foram esses feitos hoje insignificantes que fizeram as coisas caminharem, antes de tudo virar uma enfumaçada lembrança em preto e branco.

  O que acontece quando as teias do Homem-Aranha não puderem mais mantê-lo pendurado nos prédios por aí, quando a armadura do Homem de Ferro enferrujar junto com suas articulações, quando o Batman descobrir que aquela voz estranha que ele tinha era na verdade uma doença de garganta que ele deveria ter tratado ainda na juventude? Provavelmente irão para um canto da sala, em um asilo ou em casa de parentes, virar um artigo de zoológico, visto uma vez por ano, nas férias da escola dos netos.
 
 Por isso nunca deixe de olhar um velho com respeito, mesmo que ele tente te agredir com a muleta durante uma crise de ciúme por você ter ajudado sua esposa de 85 anos a atravessar a rua. Nunca deixe de enxergar nele o brilho e o peso de ter vivido muitos anos a mais do que você e de ter visto e feito coisas que você não poderá fazer. E nunca deixe de tentar entende-lo, mesmo que a história do chupa-cabra na mangueira seja bem difícil de aceitar, sério. 

domingo, 7 de julho de 2013

Invenções Dominicais, Cinema E Uma Ou Duas Ideias Realmente Promissoras De Roteiros De Cinema


  O mundo é desde um bom tempo essa bola azul, repleta de beleza e de problemas. E desde sempre o ser humano buscou uma forma de escapar aos dissabores da vida, embora as ideias por mais variadas que tiveram com esse fim, muitas vezes não fossem as melhores.
  Logo alguém se cansou do tédio e resolveu rabiscar umas paredes na caverna, mas os domingos continuaram ficando cada vez mais chatos e a coisa chegou ao nível onde uma galera se reunia regularmente para assistir algum estrangeiro ser devorado por um leão, cavaleiros se matando ou vinte duas pessoas correndo atrás de uma só bola, talvez para tentar esquecer de suas próprias mães, que ao julgar pelo que a torcida sempre grita, não são as melhores criaturas do mundo.
  Mas no meio de tudo isso e antes de que o Faustão começasse a caminhar sobre a Terra, apareceram as artes, a literatura, a música. E é claro, o cinema. Essa caixa de surpresas, o retrato da vida, o devaneio, o riso e a lágrima, a alegria e também o arrependimento eterno de ter gasto dinheiro para assistir Ted no cinema, tudo isso em um só lugar.
  Poucas pessoas vão saber precisar o porquê de gostar tanto da Sétima Arte. Particularmente gosto da forma com a qual a mentira consegue ser real, do quanto qualquer coisa pode virar realidade diante dos seus olhos e te prova assim, que de alguma maneira existem, por estar ali, na sua frente. E gosto dessa possibilidade constante de um dia fazerem um filme estrelado por uma lhama. Ela usaria uma bandoleira e trajes militares e teria habilidade para matar terroristas usando apenas um rolo de papel higiênico. Mas ainda não sei quem seria o ator ideal para dublá-la.
  Isso sem contar que no fundo, a vida aqui fora é um imenso cinema, uma adaptação de um livro extenso e imprevisível ao qual chamamos de vida. Um lugar onde sonho, realidade e cenas sem sentido aparente se misturam, tipo aquela vez que dois malucos estavam brigando no meio da avenida utilizando as pedras soltas do meio-fio.
  Por tudo isso e muito mais, a postagem de hoje trata de cinema. Uma coisa que o Faustão, palhaços de lanchonete ou o prejuízo que tive assistindo Ted no cinema nunca irão conseguir estragar. E estou disposto a roteirizar a história da lhama, sério.

domingo, 30 de junho de 2013

Sobre Os Pequenos Detalhes Que Fazem Toda A Diferença


    A sociedade em que vivemos nos dá diversas opções de tudo o que queremos. Comida chinesa, sapatos azuis, filmes no cinema, livros, fotos de lhamas voadoras, amigos, profissões a seguir. Tudo isso faz com que nos tornemos mais exigentes e atentos aos detalhes. Em um mundo onde livros custam mais caro do que deveriam, filmes do Bruno Mazzeo estreiam toda semana nos cinemas por causa das leis de incentivo (e ainda cobram 25 centavos em direitos autorais) e pessoas que você conhece na semana passada e que pareciam absolutamente idôneas te oferecem um cogumelo colorido saído dos jogos do Super Mario ou te fazem acordar numa banheira cheia de gelo sem um pulmão, o fígado e com um rim a menos, ser detalhista te possibilita manter mais órgãos no corpo ou encontrar um sapato azul que te agrade.
  Mais um clichê que faz sentido, um detalhe faz toda a diferença. É quando pormenorizamos as situações que percebemos o quanto temos de escolher.  Uma ideia condizente com a sua própria ou um olhar raro de se encontrar pode ser porta de entrada para uma bela estrada com alguém. A lembrança de um pôr do sol de um lugar visitado apenas uma vez pode torna-lo especial e sempre presente em sua memória. Aquele salgado de frango da cantina que parecia estar estragado vai te fazer sempre duvidar de promoções das cantinas de faculdade. E aquele professor tão descolado que deu a entender claramente que passaria todo mundo sem grandes complicações, mas no meio do semestre desapareceu e foi substituído por um monstro sem alma ou coração talvez te faça para sempre achar que deveria tentar levar os estudos a sério.
  Mas como chocolate e tudo o mais que existe nessa vida, tudo demais é veneno. E ser detalhista em excesso pode ser arriscado. Podemos perder um dedo inteiro por lixar excessivamente a unha, que julgamos estar um pouco desigual no canto, embora claro, sempre exista a possibilidade dessa analogia ser péssima. Mas o fato é que embora “detalhismos” sejam bem-vindos por razões cercadas de sentido e já mencionadas (principalmente no tocante às lhamas voadoras), sair procurando detalhes demais pode nos tornar racionais em excesso, fazendo da vida um imenso Criminal Case do facebook e o que é pior, com todas aquelas solicitações. Uma caminhada na praia não vai deixar de ser bonita só porque parece que pisei em cocô de cachorro de pés descalços. Não dá para desprezar as minúcias, na verdade são elas que tornam as coisas diferentes e te fazem ver onde ninguém mais enxerga. Só não dá para sacar uma lupa e correr por aí pormenorizando tudo.
  É por essas e outras que com certeza um detalhe faz toda a diferença. Uma letra errada na sua carteira de identidade pode ser o suficiente para ser detido pela Polícia. Um pênalti marcado por engano pode mudar a história de um jogo e garantir que amanhã não vou precisar ver centenas de bandeiras do Brasil em prédios, automóveis e cachorros pintados de verde-e-amarelo simplesmente porque a Seleção ganhou essa bendita Copa das Confederações. E é claro, pelo simples detalhe da palavra “voadora” na hora de pesquisar lhamas no Google possibilitou essa bela imagem que estampa o post. Mas cuidado com os excessos, para não ver lhamas-unicórnios-rosas-voadoras, embora eu particularmente tenha achado bastante criativo e espero que exista de verdade.