Não só pelas vitrines cheias de coisas que você não pode comprar, não só pelo movimento de pessoas realmente e assustadoramente estranhas que você pode encontrar, não só pelo número extraordinário de pirralhos que ainda insiste em brincar de Power Rangers no meio do shopping, não só pelos seguranças mal-encarados que passam te rodeando. Ir ao shopping sozinho é uma experiência negativa de muitos pontos de vista. Por estar só em um shopping, mesmo considerando companhias amorosas, familires ou de amigo, denota que deve ter algo errado. Que no mínimo alguém te fez de bobo, te deu um bolo e te deixou uma mensagem no facebook pedindo desculpas e explicando que não apareceu porque precisava dar banho no cachorro com urgencia. Algo a ver com pulgas da Índia e tal, e que não pôde ligar porque enfim nesse tempo moderno o facebook é uma extensão da vida e simplesmente não passou pela cabeça dela usar telefone, mas você ainda não viu isso.
Daí em diante as coisas começam a piorar. Os pirralhos correndo pelo shopping entram numa discussão para ver quem vai ser o Mega-Zord e começam a se pegar ali mesmo, na frente do cinema. Você olha a sua volta e percebe que inacreditavelmente (ou não tão inacreditável assim), é o único sozinho e aquela deve ser a promoção dos casais, é a única explicação, uma vez que tem casais em toda a parte, da saída da sessão das 20h saem 8 homens e 6 mulheres e todos formam pares de algum modo (eu sei, isso inicialmente parece um pouco estranho, mas eu fiz as contas e estavam todos de mãos dadas... enfim, sem preconceito), tem casais saindo das lojas, esperando o próximo filme e em todos os lados como pulgas indianas. Enquanto você repara ao seu redor, um casal senta em um banco ao seu lado e começa a se agarrar. Nesse momento, entediado pela espera (ainda não frustrada), você abre o facebook pelo celular e descobre que é melhor ir embora. Maldito Smartphone.
