Tempo que sempre
caminha na dualidade. A eterna corda-bamba temporal que o torna simultaneamente
herói e bandido, professor que nunca falta a aula e reprova todo mundo e aluno
que vem da coordenação do curso dizendo que o professor faltou mas deixou um
recado avisando que todos que entregaram o trabalho passaram com 10 na média,
água no deserto e banho frio numa manhã chuvosa de segunda. E esse relativismo
sempre incomoda. O tempo às vezes voa quando por exemplo estamos com alguém especial,
mas quando quebramos alguma vidraria que custa 3 meses de trabalho, parece
parar e a hora de ver o seu chefe e assumir a burrada que fez parece não chegar
nunca. Há ainda quem controle o tempo, porque quando aquela aula de cálculo
começa, temos uma demonstração de como uma hora e meia pode demorar a passar.
Acho que como tudo,
o tempo se tornou mais caro. E sem moeda para pagar por ele, voa e passa cada
vez mais rápido. Quando as únicas preocupações da vida são quando o Miojo vai
aparecer no seu prato, quanto tempo falta para as férias de julho e a que horas
vai começar Timão e Pumba, 24 horas até que são um tempo bem longo. A sensação
que dá para sentir é que minutos e segundos também inflacionaram e assim como o
salário mínimo e a convocação da Seleção para a Copa das Confederações, o tempo
hoje não dá para nada, o que faz coisas realmente idiotas que fizemos há dois anos
continuarem vivas, não por serem marcantes, mas pela sensação de que elas
aconteceram ontem.
E por
tudo isso e sempre na espreita, temos o tempo perdido. Porque quando você diz a
professora que o garoto da 2ª série anda te perseguindo, ele te espera na saída
da escola. E tempo é algo muito precioso para se perder com decisões erradas,
aulas de geometria analítica e shows de Tecno Brega. Precisamos sempre levar em
consideração que tudo o que fazemos tem uma consequência e que somos arquitetos
de nosso próprio futuro. E como arquiteto do meu futuro vou voltar a viver de
macarrão instantâneo, logo assim que descobrir se algum canal ainda passa Timão
e Pumba.