As pessoas estão
fazendo tudo mais cedo. Se casando mais cedo, morrendo mais cedo, tendo filhos
mais cedo, acordando mais cedo (não que por isso durmam mais cedo também). E principalmente
estão exercendo o ofício máximo da humanidade de escolher caminhos errados e
tomar decisões das quais irão se arrepender por toda uma vida, cada vez mais
cedo.
Escolher uma profissão
por exemplo. Essa escolha tem sido forçada a ser cada vez mais precoce. Como por
jovens de 14, 15 anos para decidirem onde atuar por uma vida toda, se tudo que
eles querem é ir ao show do Restart ou faltar aula para assistir a Hannah
Montana? Tudo na vida tem seu tempo. Por isso mesmo não adianta dar pausa no
Xbox para ir a tantas feiras de profissões, testes vocacionais, cursinhos
específicos. Óbvio que é preciso crescer e que o tempo é implacável, mas vai
ver não é preciso ter tanta pressa em se
tornar um adulto socialmente aceito, mas um profissional lastimável e insatisfeito, como tanto
acontece, só para atingir um status, fazendo com que sua família te entenda,
respeite sua coleção de Smurfs feitos de chumbo e seu medo quase patológico do
palhaço Bozo, que persiste até hoje.
Além disso, fico
imaginando quanta gente boa perdemos todos os dias para esse requisito social
que é estar graduado em algum desses ramos tidos como top. Quantos excelentes
cineastas, comediantes, escritores, jardineiros, criadores de porco e vendedores
de pipoca doce perdemos a cada colação de grau só pelo medo de uma simples
surra e alguns anos expulso de casa? É preciso crescer sim, mas para se
realizar e tornar o mundo algo como aquele da propaganda de achocolatado, onde
correm rios de chocolate branco e se surfa em biscoitos recheados. Do jeito que
estamos indo, vamos continuar injetando café com leite nas veias um dos outros
por muito mais tempo, só para satisfazer algum requisito da sociedade, mesmo
que seja preciso negar nossas aptidões e esquecer de vez o surf
no chocolate.