Dessa vez vocês não verão
por aqui uma imagem divertida e nem tiradas cômicas. Não hoje. Eu apenas não
consegui postar algo que parecesse tão corriqueiro, tão leve, tão comum a
nossas vidas. De repente tudo pareceu tão pequeno, tão frágil, tão supérfluo
que julguei uma insensibilidade e uma contramão a tudo o que todos estão
sentindo, a tudo o que eu mesmo estou sentindo. Então escrevi isso. Minha
homenagem, meu desabafo, o meu pensamento. Sei que esse texto vai ser lido por
alguns levando em consideração o calor do momento. Outros o irão pular por ser
a batida triste da mesma tecla já tão vista no dia de hoje na mídia e comentada
onde quer que se ande. Mas eu realmente acredito que as pessoas vão entender o
a minha intenção e irão compartilhar desse sentimento.
Tantos jovens. E
logo nesse dia. Dia em que comemorava e compartilhava a conquista do vestibular
com meus amigos, que conversava com alguns deles, que compartilhei desabafos,
que joguei aqueles joguinhos nas redes sociais, que olhava para a televisão
entre um momento e outro de frente para o computador. Uma madrugada pacata, de
uma vida pacata. Não sai da minha cabeça desde que fiquei sabendo pela manhã do
ocorrido, que naquela mesma hora, naquele exato momento, tantas vidas jovens se
apagavam simultaneamente a minha existência que continuava e que agora escreve
esse texto. Hoje reabri o boletim do Sisu. Não pude deixar de pensar que muitos
daquelas pessoas, jovens como eu ou você, esperavam por aquele resultado ou
quem sabem, o comemoravam. Fui dormir pensando no homem que eu posso me tornar
daqui a quem sabe dez anos. Pensando no curso que iniciarei a alguns meses. Pensando
no texto que eu postaria hoje no blog. Fui dormir e acordei. Vi um novo dia
nascer, sem fazer ideia que essa dualidade tão grande que existe em tudo o que nos
rodeia, se mostraria. E com tanta força.
Duvido muito que em
dias como esse a própria natureza não se enlute. Impossível não notar como tudo
pulsa de modo diferente, as horas passam de uma forma que simplesmente não
podemos explicar. Deve ser o mundo tentando doar sua parcela de compreensão e
consolo a tantas vidas jovens que se foram e de uma vez só. Consolo não apenas
aos que faleceram lá, mas aos pais, filhos, amigos, irmãos que acabaram indo em
parte com eles. E de um modo tão abrupto. Uma energia jovem, que com toda certeza ocupou um valioso espaço nesse
mundo e que o curso natural das coisas não conseguiria deixar ir assim, de
forma tão doída.
Sei que o que
ocorreu hoje em Santa Maria vai ser alvo incansável da mídia, que com certeza
irá cumprir sua função de informar, comunicar e dar sua parcela de apoio no que
for possível. Mas temo que ela extrapole a atenção por interesses não tão
nobres, como ocorre por vezes. De resto, minha crença de que tudo tem um porque
será mantida. O fato de não sabermos as respostas jamais irá anular a
existência delas. Com ou sem explicação, o domingo 27 de janeiro de 2013 será
triste para todo o sempre.