O mundo como
conhecemos se tornou um lugar onde encontramos de tudo um pouco. De pessoas que
gostam de cebola á pessoas que odeiam cebola, dos que tem pânico de palhaço aos
que fazem disso uma profissão, dos que não gostam muito de café aos que tem
como conceito de emprego dos sonhos, trabalhar provando a bebida. E com tudo conectado, basta um clique e temos
acessos a fóruns de discussão, grupos de facebook e eventos sobre o que se possa imaginar. Por essa perspectiva
deveria ser bem mais fácil se cercar de pessoas com os mesmos interesses, jogar
conversa fora, construir laços duradouros ou para simplesmente entender como
aos 20 anos alguém ainda pode ter medo do Bozo.
Não que isso não
ocorra. A informação continua sendo compartilhada sim, as interações até são
feitas, mas aqui vou acabar recaindo novamente a costumeira incredulidade sobre
os limites que uma sociedade tão moderna impõe às relações humanas. É tão mais
simples segmentar os assuntos por interesse, por ordem de importância, que não
nos damos conta de que estamos segmentando pessoas, por vezes as restringindo a um interesse muito resumido.
Esquecemos o que é realmente afinidade. O quanto é incrível e cada vez mais raro
topar com pessoas que tenham o mesmo gosto que você, que gostem de admirar o
pôr do sol, que gostem dos mesmos filmes que uma proporção considerável das
pessoas que você conhece achou uma porcaria, que consigam levar adiante a ideia
de criar uma versão de Mortal Kombat com uma trama protagonizada por
professores da faculdade (os fatalities incluiriam derivações do adversário e
conjurações de moscas, mas eu aconselharia não tentar entender essa parte,
sério), que achem que a ideia de uma garrafa de vinho barato em um sábado a
noite pode sim ser uma cilada e principalmente pessoas que compreendam e
compartilham da ideia de que se você empresta uma caneta a alguém, não quer tê-la
de volta com a tampa toda mastigada.
São
essas pequenas coisas e tantas outras que fazem diferença, ou ao menos que
deveriam fazer. A medida do que nos aproxima e do que nos distancia das outras pessoas
pode trazer tantas coisas boas, mas frequentemente nem nos damos conta disso. E
assim, em parte por medo, em parte por falta de tempo, em parte pela tendência
que temos de nos fechar ao mundo, nos distanciamos do que realmente deveria
importar. Assim perdemos a chance de viver aqueles pequenos-grandes momentos
que ficam na memória, deixamos de construir laços memoráveis e nossa recusa em
entrar no Mc Donald’s por conta do cara fantasiado de Ronald na porta continua
sendo incompreendida. E assim as canetas continuam com as tampas estragadas.
Como sempre um texto interessantíssimo. A vida é assim pequeno Felipe, somos apenas os Pierrôs sofrendo pela Colombina - E viva a palhaçada..!!!!!
ResponderExcluirTens toda a razão. E viva a palhaçada!
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