domingo, 13 de janeiro de 2013

As Novas Relações Sociais E Porque O Princípio Básico Talvez Não Seja Mais A Comunicação


  Estamos cercados de invenções. Algumas boas, outras nem tanto. Quanto mais evoluímos ao longo da história, mais tivemos boas ideias, com boas intenções, que logo passamos a utilizar de modo desordenado, para o mal ou por pura burrice mesmo. Foi assim com o fogo, com a roda, com a pólvora, com a tv e foi assim com o computador. Que evoluiu como um Pokémon bem treinado até o nível onde uma pesquisa com a expressão “iaque roqueiro” retorna resultados. É nesse momento que devemos nos perguntar se estamos realmente sendo espertos em nos afastar cada vez mais do simples jogo diário do homem primitivo de fugir de tigres dente-de-sabre e polir pedras.
  A internet tem uma proposta muito boa. Um único ambiente, que reúne conhecimento, diversão e vídeos de ovelhas lutando caratê é uma ideia de ferramenta que simplesmente não se pode descartar. Mas as redes sociais, que deveriam atender ao propósito de unir e encurtar distâncias, tem se tornado um verdadeiro pretexto para que o ser humano se isole mais e mais nesse mundo onde todos estão sempre com tanta pressa e ninguém parece muito preocupado em muito mais que o próprio umbigo. E mais que isso, ela se reflete em nossas ações, todos parecem muito mais seguros e satisfeitos em exercer sua vida social, dentro de casa, na segurança do próprio computador e esquecem que nem tudo pode ser feito assim. Fico imaginando, por exemplo, o quanto tivemos sorte do movimento dos “Caras pintadas” não ter sido nesses tempos de facebook. Porque se tivesse sido, não teria passado de uma mobilização com todo mundo mudando a foto de perfil, compartilhando umas coisas legais sobre democracia e principalmente assinando uma petição no avaaz. Quem iria se arriscar nas ruas? Isso sem nenhum exagero, porque quando você vê por aí um depoimento que diz “nos conhecemos no twitter, ela me deu rt, conversamos no msn . Um mês depois ela me cutucou no facebook e eu soube que era ela” é o exato momento que dá pra perceber o quanto as coisas estão indo de mal a pior, nesse admirável mundo novo.
  E desse modo, aparentemente inofensivo, de curtidas, bloqueios e retweets, que vamos perdendo o melhor da vida. Não desprezando o uso desse meio, muitos movimentos positivos foram disseminados na internet, muitas amizades foram cultivadas a longa distância, muitos romances se iniciaram em ambiente virtual, muitos vídeos sem sentido algum, mas que nos fazem rir já foram vistos por aí, mas tudo continua sendo uma questão de dosagem, que não está sendo mais respeitada. As pessoas preferem jogar songpop ao invés de se reunirem pra conversar, abandonam a ideia de encontros para se conheceram pelo chat do facebook, deixam de escrever cartões para postar uma imagem de “mensagens para facebook.com”.  Do jeito que vai, de tanto curtir páginas no face, quero só ver o que ainda vamos ter para compartilhar do lado de fora, no mundo real.

*Agradecimento a Emanuela Silbat, pela sugestão do tema.

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