A sociedade em que vivemos nos dá diversas opções de tudo o que queremos. Comida chinesa, sapatos azuis, filmes no cinema, livros, fotos de lhamas voadoras, amigos, profissões a seguir. Tudo isso faz com que nos tornemos mais exigentes e atentos aos detalhes. Em um mundo onde livros custam mais caro do que deveriam, filmes do Bruno Mazzeo estreiam toda semana nos cinemas por causa das leis de incentivo (e ainda cobram 25 centavos em direitos autorais) e pessoas que você conhece na semana passada e que pareciam absolutamente idôneas te oferecem um cogumelo colorido saído dos jogos do Super Mario ou te fazem acordar numa banheira cheia de gelo sem um pulmão, o fígado e com um rim a menos, ser detalhista te possibilita manter mais órgãos no corpo ou encontrar um sapato azul que te agrade.
Mais um clichê que
faz sentido, um detalhe faz toda a diferença. É quando pormenorizamos as situações
que percebemos o quanto temos de escolher. Uma ideia condizente com a sua própria ou um
olhar raro de se encontrar pode ser porta de entrada para uma bela estrada com
alguém. A lembrança de um pôr do sol de um lugar visitado apenas uma vez pode
torna-lo especial e sempre presente em sua memória. Aquele salgado de frango da
cantina que parecia estar estragado vai te fazer sempre duvidar de promoções das
cantinas de faculdade. E aquele professor tão descolado que deu a entender
claramente que passaria todo mundo sem grandes complicações, mas no meio do
semestre desapareceu e foi substituído por um monstro sem alma ou coração
talvez te faça para sempre achar que deveria tentar levar os estudos a sério.
Mas como chocolate e
tudo o mais que existe nessa vida, tudo demais é veneno. E ser detalhista em
excesso pode ser arriscado. Podemos perder um dedo inteiro por lixar excessivamente
a unha, que julgamos estar um pouco desigual no canto, embora claro, sempre
exista a possibilidade dessa analogia ser péssima. Mas o fato é que embora “detalhismos”
sejam bem-vindos por razões cercadas de sentido e já mencionadas (principalmente
no tocante às lhamas voadoras), sair procurando detalhes demais pode nos tornar
racionais em excesso, fazendo da vida um imenso Criminal Case do facebook e o
que é pior, com todas aquelas solicitações. Uma caminhada na praia não vai
deixar de ser bonita só porque parece que pisei em cocô de cachorro de pés
descalços. Não dá para desprezar as minúcias, na verdade são elas que tornam as
coisas diferentes e te fazem ver onde ninguém mais enxerga. Só não dá para
sacar uma lupa e correr por aí pormenorizando tudo.
É por essas e outras
que com certeza um detalhe faz toda a diferença. Uma letra errada na sua
carteira de identidade pode ser o suficiente para ser detido pela Polícia. Um pênalti
marcado por engano pode mudar a história de um jogo e garantir que amanhã não
vou precisar ver centenas de bandeiras do Brasil em prédios, automóveis e
cachorros pintados de verde-e-amarelo simplesmente porque a Seleção ganhou essa
bendita Copa das Confederações. E é claro, pelo simples detalhe da palavra “voadora”
na hora de pesquisar lhamas no Google possibilitou essa bela imagem que estampa
o post. Mas cuidado com os excessos, para não ver lhamas-unicórnios-rosas-voadoras,
embora eu particularmente tenha achado bastante criativo e espero que exista de
verdade.