A humanidade é movida à mistérios. Quem somos, para onde
vamos, como se forma um tornado ou como eu consegui tirar dez naquela prova
mesmo errando três questões são perguntas que sempre instigaram e fizeram a
civilização “progredir” rumo a algum lugar, mesmo que seja rumo ao seu próprio
fim.
E desse modo não
demorou muito para que uma parte das pessoas que caminham sobre esse mundo
pirado começassem a notar que nada é por acaso e assim certos eventos tidos
como aleatórios passassem a ser questionados. É interessante investigar
mistérios, bacana sair por aí montando quebra-cabeças, mas sempre haverá uma
teoria conspiratória para tudo o que existe e por isso mesmo às vezes fica
difícil conviver com tanta ideia muitas vezes espremida, puxada e encolhida para
caber dentro de uma convicção qualquer, ao bel-prazer de alguém que apenas
cansou de ver Discovery Channel e decidiu sair à caça de suas próprias
explicações para qualquer coisa.
Assim, ocorre que
tudo acaba sempre questionado. O sucesso das telenovelas, o fracasso da Seleção
Brasileira, o atentado de 12 de setembro, o terrorismo da tv aos domingos, as
pirâmides egípcias e a velhinha que passeia com o cachorro que curiosamente
sempre acaba fazendo cocô em frente aqui de casa, tudo isso é engrenagem de uma
peça muito maior, que sempre inclui você, quer queira quer não e faz de cada um
alguém responsável e um pouco produtor daquela sujeira que o cachorrinho faz
diariamente em frente à sua casa.
Pensar sobre essa
perspectiva é legal quando não há nada pra fazer, quando passando numa praça
lotada de pessoas você é a única pessoa a qual o pombo capricha na mira ou
naquele momento em que mesmo sentado lá atrás o professor pergunta numa sala de
quarenta alunos pra você (e apenas você) se está compreendendo a matéria,
quando na verdade estava voando tão longe que nem sabe ao certo o que o
professor te perguntou e tem que arriscar um “sim” para ver se ele te deixa em
paz. Mas em geral é mais confortadora a ideia de que nem sempre há alguém
manipulando tudo o que acontece de bom ou ruim, que as lhamas ainda cospem na
sua cara com precisão e vontade próprias, que se houver uma guerra entre homens
e alienígenas poderemos sim ganhar, que o Galvão Bueno um dia irá pedir
aposentadoria.
Podemos ser
apenas formigas numa caixa, o Planeta Terra pode até ser apenas mais uma
bolinha de gude a vagar no universo, facebook pode realmente ser uma forma de
alienação coletiva, esse texto pode apenas não existir, sendo lido em um
tela que não existe, diante de você que pode simplesmente nem existir,
não além de um grande programa de computador o qual eu chamarei de vida e os
mais nerds de Matrix. E continua sendo estranho o fato de que naquela noite de
sábado em meio a um feriadão, as lanchonetes no entorno do maior hospital de
emergências da capital e talvez da região só estavam comercializando salgados
de carne. Talvez tudo isso não faça sentindo algum, talvez tenha algum
significado. De garantia eu não lanchei aquela noite. Alguém em
especial pode muito bem achar semelhanças entre uma conversa tida num banco de
shopping dia desses e essa postagem, mas no fim isso deve ser apenas parte de
mais uma das mais novas teorias conspiratórias.
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