Acredito que a
maioria das pessoas ao olharem o tema da postagem de hoje vão achar estranho.
Vão olhar e pensar que o blog deve ter mudado de foco depois que conseguiu seus
20 centavos a menos pela passagem de ônibus e que nesse tempo onde todos andam
sacando cartazes pedindo educação, saúde e redução no preço dos shampoos,
talvez eu tenha levado um também, pedindo o fim das temáticas sem pé ou cabeça
no blog. Nada disso. A postagem pode até não ter um tom mais cômico hoje
(talvez), mas não é uma regra e não é por falar sobre morte.
Interessante essa
relação funesta que temos com a morte. Alguns filmes e mais precisamente um
livro que li, A Menina Que Roubava Livros, me fizeram parar e refletir acerca
da morte. Ela deve mesmo ser um ser, uma entidade, uma criatura. Deve vagar por
aí fazendo seu trabalho. Imagino até que trabalhe para Deus e para a Natureza.
Um trabalho ingrato e temido, por sinal, mas de extrema necessidade. Eu não
consigo observar a morte como aquele ser com rosto de caveira e a foice a tira
colo, a não ser que ela venha de uma festa à fantasia.
A morte deve ter se
modernizado nessa virada de milênio. Deve ir trabalhar de terno, saindo de
dentro de um belo carro importado. E deve ter empregados, ou melhor, deve ter
resolvido terceirizar, de chapeiros de fast food a donos de indústrias de cigarro,
tem sempre alguém fornecendo uma bela ajuda para a morte, passando por
professores de cálculo com poder de parar o tempo ou o permanente risco diário
e iminente de um jogo de golf narrado pelo Galvão Bueno e com transmissão
obrigatória em toda a rede nacional, que seria algo que aumentaria
consideravelmente a demanda de trabalho dela, dada a onda de suicídios
coletivos que causaria.
Imagino que morte
seja um desses assuntos polêmicos, que ninguém quer começar a debater por medo
e divergência de ideias, assim como o Neymar na seleção ou a criação de um
banco de dados para a venda de vinagre. Mas a realidade é que a morte é uma
grande piada, ou ao menos é a lâmpada que acende no bar depois desse grande
show de stand up que é a vida.
Morte também põe comida na mesa, para que o
ciclo se complete, acaba que o Sr. Omar e muita gente se encarrega desse
negócio. Como tudo nessa vida, ela tem seu aspecto mais brutalizado, porque não
pede licença, por vezes, vem sem avisar e deixa um rastro rumo ao desconhecido,
é verdade. Mas se até sua tia que aparece no primeiro dia do feriadão faz isso,
porque temê-la tanto, por mais difícil que isso seja? Não que a gente vá andar
por aí sem olhar para o lado ao atravessar a rua, mas é tentar entender que
assim como o professor de Cálculo, ela só quer fazer seu próprio trabalho.
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