domingo, 23 de junho de 2013

Pequenas Considerações Sobre Morte, Morrer e o Seu Omar

  Acredito que a maioria das pessoas ao olharem o tema da postagem de hoje vão achar estranho. Vão olhar e pensar que o blog deve ter mudado de foco depois que conseguiu seus 20 centavos a menos pela passagem de ônibus e que nesse tempo onde todos andam sacando cartazes pedindo educação, saúde e redução no preço dos shampoos, talvez eu tenha levado um também, pedindo o fim das temáticas sem pé ou cabeça no blog. Nada disso. A postagem pode até não ter um tom mais cômico hoje (talvez), mas não é uma regra e não é por falar sobre morte.
  Interessante essa relação funesta que temos com a morte. Alguns filmes e mais precisamente um livro que li, A Menina Que Roubava Livros, me fizeram parar e refletir acerca da morte. Ela deve mesmo ser um ser, uma entidade, uma criatura. Deve vagar por aí fazendo seu trabalho. Imagino até que trabalhe para Deus e para a Natureza. Um trabalho ingrato e temido, por sinal, mas de extrema necessidade. Eu não consigo observar a morte como aquele ser com rosto de caveira e a foice a tira colo, a não ser que ela venha de uma festa à fantasia.
  A morte deve ter se modernizado nessa virada de milênio. Deve ir trabalhar de terno, saindo de dentro de um belo carro importado. E deve ter empregados, ou melhor, deve ter resolvido terceirizar, de chapeiros de fast food a donos de indústrias de cigarro, tem sempre alguém fornecendo uma bela ajuda para a morte, passando por professores de cálculo com poder de parar o tempo ou o permanente risco diário e iminente de um jogo de golf narrado pelo Galvão Bueno e com transmissão obrigatória em toda a rede nacional, que seria algo que aumentaria consideravelmente a demanda de trabalho dela, dada a onda de suicídios coletivos que causaria.
  Imagino que morte seja um desses assuntos polêmicos, que ninguém quer começar a debater por medo e divergência de ideias, assim como o Neymar na seleção ou a criação de um banco de dados para a venda de vinagre. Mas a realidade é que a morte é uma grande piada, ou ao menos é a lâmpada que acende no bar depois desse grande show de stand up que é a vida.
  Morte também põe comida na mesa, para que o ciclo se complete, acaba que o Sr. Omar e muita gente se encarrega desse negócio. Como tudo nessa vida, ela tem seu aspecto mais brutalizado, porque não pede licença, por vezes, vem sem avisar e deixa um rastro rumo ao desconhecido, é verdade. Mas se até sua tia que aparece no primeiro dia do feriadão faz isso, porque temê-la tanto, por mais difícil que isso seja? Não que a gente vá andar por aí sem olhar para o lado ao atravessar a rua, mas é tentar entender que assim como o professor de Cálculo, ela só quer fazer seu próprio trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário