Em parte porque eu estava com muita preguiça de escrever
sobre Natal, em parte porque todo mundo ia sair me acusando de ser um sem-infância-destruidor-de-sonhos
e em parte por não gostar dessa data, não fiz uma postagem natalina. Mas
agora que já passou decidi aproveitar a ocasião e falar um pouco sobre esse
clima de Merry Christmas que eu honestamente não gosto. Eu até acho legal a
ideia da festa sabe, é o aniversário de Cristo e época de se lembrar o que
aconteceu na noite feliz. Só que esse espírito da coisa nunca conseguiu me
contagiar. O que acontece no plano real e material parece ser apenas
pretexto para justificar aquele comercial da sapataria que toca a mesma música
desde que eu me lembro e vai ver que muito antes disso, para termos uma matança indiscriminada de perus e para um frango peitudo com nome de carro popular
custar R$ 35,80 o quilo (e no mesmo supermercado um quilo de batatas por 4
reais). Enquanto eu era criança, a ilusão do Papai Noel me comprando com
presentes ainda me fazia acreditar em Natal, mas e o aniversário de Cristo foi
parar onde mesmo?
Papai Noel. Para mim
está aí outro problema com o Natal. Correndo o risco de ser odiado por crianças
e seus pais em todo o mundo (e vejam a pretensão de achar que todo o mundo lê
isso) e de tomar um processo da indústria da marca de refrigerantes, eu passei a duvidar da idoneidade do
“Bom Velhinho”. Para começo de história: Porque Papai Noel tem que morar no
Extremo Polo Norte? A resposta é simples. Impostos meus amigos, impostos. Isenção
fiscal e salários muito abaixo da média que deve ser paga na China. Posso ver
os elfos, duendes e sei mais o que, submetidos a longas jornadas de trabalho, pois justiça trabalhista de país nenhum do mundo irá monitora-los. Papai Noel aparentemente
não paga imposto de renda e há fortes indícios de que ele falsifique brinquedos
em sua fábrica. Porque eu nunca entendi isso: se uma criança escreve “querido
Papai Noel, gostaria de ganhar uma Barbie Lago dos Cisnes” com que direito ele
produz um brinquedo assim que é marca registrada? Isso sem falar nas invasões à
propriedade privada e sua fonte de renda contestável, porque eu duvido que o
salário de garoto propaganda do refrigerante dê para pagar tudo aquilo. E muito
esperto Papai Noel ainda associa sua imagem à de São Nicolau, esse sim parece ter sido um
cara legal. Mas o “bom velhinho” deveria ser procurado pela Interpol.
Por essas e outras,
sem mencionar que Natal sempre me deixa muito triste, um tipo de tristeza que
nunca consegui explicar, é que não gosto do dia 25 de dezembro e que nunca
entendi porque na noite do dia 24 já tem tanta gente bêbada. Mas o Natal tem um
ponto positivo. Ele traz com ele o Ano Novo. Essa data já é diferente, difícil ver alguém que
não se anime com a possibilidade de uma nova chance. Dar graças por estar vivo,
repetir os acertos e principalmente ir em busca de mudar o que estar errado. É
como se Deus te desse uma nova folha em branco para reescrever sua história,
além de um volante para a Mega da Virada, já que não custa nada tentar. Gosto
dessa sensação de recomeço. E tem as coisas explodindo por toda parte na hora da virada, o que
confesso achar bem legal.
Então se você teve
paciência para chegar até o fim do texto e ao fim de todos os textos até aqui e
brincadeiras à parte, feliz Ano Novo. Que 2013 seja um período realmente de
muitas realizações e mudanças positivas e um pouco de tempo perdido com o Nada Com Coisa Nenhuma,
se possível.