Felicidade. Essa busca
constante e na maioria das vezes infrutífera dos indivíduos por algo que praticamente
não existe. Ou ao menos não do modo que idealizamos e sim de um jeito que nos
soca o nariz todos os dias e que deixamos passar desapercebido por estarmos muito ocupados sonhando com brinquedos que na prática nem queremos
ganhar no Natal.
Porque ela existe, a
tal da felicidade. E de dois modos distintos, até. Só que o primeiro é justo do modo
idealizado. E aí finalmente fez sentido aquela frase que sempre li sem entender
no muro: “As melhores coisas da vida são as que não existem”. O mundo é muito
mais bonito em nossas mentes. O que sonhamos nos tende a
deixar feliz enquanto não se realiza justamente porque é a prova de falhas, de
imprevistos, é a prova do próprio mundo, simplesmente. E assim o casamento perfeito se
dissolve após dez anos, o carro dos sonhos vai para o recall três vezes, a
Seleção Brasileira perde duas copas seguidas e só ganha o desafio contra a
Argentina porque enfim, o critério de desempate era quem bate pênalti mais
longe e a viagem dos seus sonhos aos Andes não rendeu tanto porque
você desenvolveu uma alergia realmente muito estranha quando aquela lhama te
cuspiu no olho. Tudo isso é bom e deve ser feito sim, o que faz tudo tender ao
fracasso é essa esperança descabida e desmedida de sermos totalmente felizes e que
atribuímos as coisas ou a outras pessoas
Que a felicidade não
tem preço, que não custa dinheiro, além de um tremendo clichê, é bem verdade
também. Todas as coisas mencionadas tem seu preço, mas só o dinheiro
não foi capaz de torna-las um sucesso. Além disso, quem aqui não se viu
frustrado alguma vez na vida por se ver impedido de comprar seu próprio
ornitorrinco? Pois por mais dinheiro que se tenha, por vias legais é praticamente
impossível se adquirir um ornitorrinco.
Mas ser feliz, no plano real e apesar de tudo, acredito que seja possível sim. Mas de um segundo modo. Na simplicidade, mesmo que recaia também em
um segundo clichê. Porque de fato, a felicidade está nas menores coisas. Quer queira ou não olhar para o céu, quase sempre haverá um show esperando para
ser apreciado à noite e de graça. A flor que cresce no jardim da sua empresa está
ao alcance da sua mão todos os dias, mas se eu pegar uma rosa igual no jardim
do vizinho e der a você, vou te deixar mais feliz (embora não saiba desde quando
o vizinho tem um Pastor Alemão daquele tamanho na frente da casa dele). O violão
mais caro ou o mais barato, se tornam quase iguais, quando uma música é tirada.
E por mais que o instrumento tenha algum valor, o som sai de graça. Aquela aula
sobre aminas que deixamos de assistir só para ficar na pracinha rindo
da vida, quando descobrimos nomes de bluetooths do tipo “Lenon Fofo” ou “Pato
Gostoso”. Tudo isso é bacana, simplesmente porque não foi planejado, acabou
acontecendo mesmo assim e fez um bem danado, mesmo que por alguns minutos, que
seja.
E é por essas e
outras que as melhores coisas da vida não existem, as coisas muito boas não tem
preço e ainda temos de lutar constantemente contra a frustração diária de não poder
ter um ornitorrinco em casa, o que eu continuo achando uma sacanagem.
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