domingo, 14 de outubro de 2012

Intolerância, Ônibus Lotado, Motorista Orlando ou Simplesmente Porque Jogar Garrafa Pet no Pára-Brisa Dos Outros É Refresco #1


 Um grande acontecimento social é o ônibus lotado. Com todos os seus elementos representativos, pegar um transporte coletivo em horário de pico pode ser uma das experiências mais divertidas do dia de qualquer um, ou o mais lógico, pode se tornar o meio mais curto e barato para se aborrecer consigo mesmo e a sociedade como um todo.
  No meu caso, não pude deixar de ficar contente em ver que o ônibus estava cheio, mais feliz ainda quando dei conta de que estavam garantidas 2 horas de viagem em pé, radiante  em ver o estado do ônibus que eles disponibilizam para uma viagem metropolitana. Aquilo não deveria rodar nem dentro de uma única cidade. Não encontrei palavras ainda para descrever a emoção ao lembrar o valor da passagem: 6 reais por todo esse conforto e diversão. É ou não é para ficar feliz com tudo isso? Uma sardinha eu já sabia como se sentia. Naquele dia aprendi mesmo como um atum importado viaja (pelo tempo da viagem, embora eu ache que alguns dos peixinhos enlatados chegaram bem mais rápido que eu ao seu destino). E como todo evento social, um ônibus lotado costuma ser sempre uma mescla de figuras tão caricatas que sempre observamos nessa modalidade de transporte:

#1 O Motorista: Sem ele o ônibus não anda. Mesmo com ele, por vezes também não. Mas faz o que pode. Nesse caso o motorista é o Orlando. Um sujeito sem noção,troll e fanfarrão.

#2 Tia Velha Com Um Número Absurdo de Sacolas: Como ela conseguiu trazer tudo até a parada sozinha, já que mal consegue subir os degraus do ônibus é a grande dúvida. Outro mistério é como consegue descer as mesmas sacolas. A sorte da Tia é a existência, cada vez mais rara, de pessoas dispostas a ceder seus lugares.

#3 Sujeito Sem Consciência Que Está Sentado: É aquele cara que não se levanta quando a Tia Velha Com Um Número Absurdo de Sacolas (como ela trouxe tudo até a parada sozinha?) entra no ônibus lotado, mas que é o primeiro a dar o lugar quando a gostosa aparece.

#4 Sujeito Sem Noção Que Vai Em Pé: Faz piadinhas sem graça do tipo “é igual a coração de mãe, cabe mais um”. Às vezes diz para as pessoas que vão subir que pararam o ônibus errado, temendo a lotação já absurda. Se a gostosa não tiver conseguido um lugar, costuma dar em cima dela, ou ao menos seca-la descaradamente. Em fins de semana essa figura é mais frequente e conhecida também como O Bêbado. Se o mundo se desfizesse em um apocalipse Zumbi, o Sujeito Sem Noção Que Vai Em Pé corresponderia ao gordinho nonsense  que sempre acaba sendo o primeiro a morrer e que ainda quase ferra com a vida de todo mundo.

#5 A Gostosa: Bem, ela é a gostosa. Gosta de se exibir, é meio extravagante. O telefone dela sempre toca e geralmente o ringtone é alguma música de funk daquelas mulheres com voz de travesti. Acho que seria a segunda a morrer no apocalipse zumbi, pela falta de inteligência.

#6 Mulher Com Algum Pacote Infinito de Telefonia: Ela consegue ir pendurada no celular alheia ao mundo, mesmo que a viagem dure mais que trinta horas. Deve ter uma língua e uma bateria atômica, porque a conversa nunca acaba e o celular nunca descarrega.

#7 O Cobrador: Já que ônibus não é de graça, sem cobrador nada funciona. Possui um raciocínio matemático e lógico provavelmente muito acima da média pois que para ele “afasta mais um pouquinho pra trás que cabe mais gente”. É da mesma turma do motorista, então deve ser outro fanfarrão, só pode.

E com toda essa combinação acaba acontecendo de um tudo. Pessoas vomitando em outras, polícia buscando drogas, assaltos. E gente jurada de morte por atirar garrafas pet em para-brisas, o que eu prometo contar no próximo post. A intolerância também pega ônibus lotado.


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