domingo, 12 de maio de 2013

Sobre Estresse, Lhamas e Dias Difíceis no Trabalho



As pessoas andam estressadas. Estresse que te faz discutir com o cobrador por ele te dar o troco da passagem errado, estresse pelo cobrador te dar o troco da passagem certo mas em moedas, estresse pelo dia que começou, pelo time que ganhou. Nesse mundo onde é cada vez mais difícil se entender, onde o salário parece ficar cada vez menor ante as necessidades das pessoas e todo mundo anda por aí com suas próprias nuvens negras para fazer chover e estragar esse elaborado penteado ao qual damos o nome de vida, relevar certos atos, praticar certas gentilezas e tentar não amaldiçoar a existência do colega de sala que fica com os pés balançando a sua cadeira a aula inteira, é algo difícil de se fazer.
  Todo mundo sempre é tão inclinado a ser amigável e prestativo enquanto as coisas não saíram do planejado e os imprevistos não viraram problema. Superiores sorriem para você no primeiro dia de emprego, colegas de trabalho dão a vez para você usar a pia, o cara da limpeza te diz que não é uma boa usar o último box do banheiro, não se quiser dormir hoje um sono tranquilo e sem pesadelos. Mas quando tudo começa a sair do esperado, quando certas coisas que nos são atribuídas começam a fugir a nossa alçada e seu chefe descobre que o Sedex não pode entregar uma lhama até o fim do dia para a festa de aniversário do filho do presidente da empresa, aí começa a desandar e todo mundo se estressa. Inclusive eu, porque além da ideia não fazer sentido, o cadastro da compra da lhama tem que ser feito no meu nome, o que além de uma bela sacanagem, configura tráfico de animais e maus tratos, porque lhama nenhuma do mundo vai resistir a 40 graus, 35 crianças e uma roupa de palhaço. Na verdade nem eu resistiria a tudo isso de uma vez.
  E fora do script fica complicado não se estressar. A nova conformidade das situações que não correspondem ao esperado irritam e ninguém tenta achar uma solução plausível, ninguém quer dar as mãos e cantar Kumbaya. E o seu problema se vê despejado no resto da sociedade. Uma sociedade que não tem culpa por você não ter puxado a cordinha na parada do ônibus, por alguém não ter puxado a cordinha no último box do banheiro, por existirem crianças mimadas que não entendem a diferença entre querer e poder ter uma lhama na sua festa de aniversário. Todo mundo já está tão preocupado em fazer seus próprios problemas serem os maiores problemas que não vão conseguir entender o lado alheio, mesmo quando ele necessita de tão pouco.
  Dias difíceis sempre irão existir. Todo mundo se irrita com certas coisas, muitas delas por ocorrerem em avalanche, quando tudo em volta já não vai lá muito bem. Nesses momentos, não se estressar é coisa quase impossível. Mas é importante ter em mente que o restante da humanidade não tem culpa por isso e que ter um dia ruim no trabalho não justificaria o carro novo do meu chefe todo cheio de arranhões, uma briga com o vendedor de cachorro-quente ou uma cuspida em alguém que aleatoriamente passa embaixo da janela. Sempre temos que ter em mente que todos tem suas próprias dificuldades e principalmente que comprar lhamas não faz parte das minha atribuições, então, na boa, não vou mais me estressar com essa história.

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