domingo, 10 de fevereiro de 2013

Conga La Conga e Aquele Nem Tão Admirável Mundo Novo



  Todo mundo adora novidades. O cheiro de novo e a sensação de que nunca teremos falhas, ou que se as tivermos será apenas em um futuro bem distante é muito atraente. Somos criados como que para fugir de problemas, para nos manter longe deles. Quer ter problema maior do que a procura por uma assistência técnica em um domingo, ou a corda de um violão que quebrou no feriado de carnaval? E quebrou de velha, devia ter trocado logo todas as cordas e antes dos problemas começarem. É assim com copos descartáveis, amores, móveis antigos, novas amizades. É assim com aquela tia velha que veio para passar o carnaval com você.
  As pessoas realmente se iludem com o novo. Imaginam que a verdadeira maestria está em desencavar novos tesouros. Mas no mundo de hoje está aí a parte mais fácil. Jack Sparrow passou 4 filmes à caça de tesouros, mas foram os personagens de sempre e aquele macaco estranho que fizeram o enredo se desenrolar (dormi quase 12 horas antes de escrever esse texto e estou sem criatividade para analogias e coisas do tipo, então me perdoem). Dá para entrar com muita facilidade na vida de alguém. Selecionamos afinidades para poupar o próprio trabalho da procura e a aventura da descoberta. Depois nos ocupamos da interação que fazemos questão de abandonar tão logo notamos os primeiros problemas e as primeiras incompatibilidades. As pessoas costumam reclamar que estão sós, mas fica bem difícil quando você não dá uma chance para o novo se tornar usado. Essas mesmas pessoas devem ter deixado passar a companhia dos seus sonhos sem nem se dar conta disso. E assim a Gretchen tem mais divórcios do que você tem meias em casa.
  A verdadeira mágica está mesmo em tornar o novo uma coisa antiga e pelo uso. Fazer a caneta ser usada até secar a tinta, descobrir que o seu amigo rói as unhas dos pés e mesmo assim não exclui-lo do facebook (até porque dá para colocar molho de pimenta no dedão do pé dele e ver o resultado disso parece legal). É poder dizer que te conheço desde o ensino médio, que namoro aquela moça há cinco anos mesmo que ela tenha dificuldades para se ver no espelho desde que assistiu a Espelhos do Medo. É levar seu celular para o conserto ao invés de joga-lo na gaveta e procurar por um novo. Consertar, tentar trazer de volta algo que deixou de ser como era antes justamente por valer tanto a pena, ou aceitar certas coisas como elas são, porque no fim nem nós mesmos concordamos com tudo o que fizemos e haverá dias em que nem eu mesmo vou querer me ver refletido em um espelho.
  Nada contra o novo, mas realmente acredito que as novidades foram feitas para envelhecer. Ou isso ou o mundo é uma imensa bola descartável, o que ainda não consegui acreditar. O cara que rói as unhas dá umas dicas legais de filmes, a tia velha conta ótimas histórias dos tempos de juventude, mas para tudo tem um limite e quatro Piratas do Caribe eram mais que o suficiente.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário