É impossível decifrar o que se passa na mente alheia. As pessoas
são um mistério. Todo mundo adora mistérios. Acho que por isso que a gente se
apaixona. E há mistérios de todo tipo, porque existem pessoas de todo tipo.
Alguns conseguem se expressar tão facilmente, são eficientes em demonstrar o
que sentem. Outros passam diariamente pelo mesmo dilema que um caroço de feijão
passaria para provar ao mundo que tem água dentro dele ao tentar demonstrar
seus sentimentos. E é justamente nisso que se perde o melhor das pessoas. Todo mundo
sempre quer tudo tão resolvido, tão deduzido, tão mastigado. Ninguém anda
preocupado em entender o sentimento, em enxergar a ternura que as coisas têm em
estar dando certo simplesmente por ainda não ter dado errado. Ninguém quer
cozinhar o grão de feijão que é o sentimento alheio. E eu sei que essa
comparação entre feijões e sentimentalismo pode estar não funcionando muito bem.
Aquele tempo onde mensagens
de celular são respondidas, as pessoas se esbarram por acaso, onde se descobre
afinidades, onde as conversas são longas e divertidas, onde as piadas ainda são
novas, onde não se disse nada, porque não se tem o que dizer. Esse sim é o
melhor tempo e muitas vezes nem percebemos. Hoje em dia tudo é tão frio,
impessoal. Deixamos de estar com pessoas que poderíamos ver para desfrutar da
companhia das mesmas separadas pelo frio da tela de um computador. Somos capazes
de dizer “eu te amo” sem que o som dessas palavras seja pronunciado. Palmas para
o modo moderno e maduro de se viver em sociedade.
E o mais louco nessa
vida é que sempre tem alguém que reparou em você. Sempre. Mas essas coisas tem
a tendência de se desencontrarem. Seja pela distancia, seja por vergonha, seja
pela simples e natural dificuldade de se demonstrar o que se sente, seja pelo
medo de garotas vestidas de palhaço, o certo é que muita coisa se perde enquanto os olhos
piscam.
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