Hoje não tive ideias para escrever. Pensei em escrever sobre
o papa, mas aí abri os portais de notícia e vi algo sobre o time de coração
dele, sobre o nome dele, sobre a infância dele, sobre a caligrafia dele, sobre
o sapato dele e parei de ler antes que desse com a opinião do novo papa acerca
da transição dos contatos do Mensseger para o Skype, então seria mais um texto
boiando por essa rede a fora. Pelo menos serviu para perceber que vou precisar
de algo para fazer a noite, porque não vai dar pra assistir Fantástico ou
Domingo Espetacular hoje, não mais que dez minutos. E só para deixar bem claro,
nada contra o homem, só contra a mídia que adora exageros.
O que pude notar é o
quanto somos movidos a ideias. E o quanto as ideias são movidas a experiências.
Por hora a fonte secou e resolvi soltar a imaginação para falar da falta desta. Não deu. Escrever é ter o que contar e não tenho feito mais que ir e vir, sem sair do
lugar. Não tenho muito de novo para dizer. Amar, se aventurar, odiar, aprender.
Nada disso, acho que as engrenagens quebraram pelo uso excessivo. O que tenho
feito foi sonhar acordado e às vezes um pouco dormindo, algo que nem faz
sentido de se referir aqui, uma vez que não gravo bem o que sonho, mesmo quando acordado.
Me sinto como um
redator de obituário em plena Gotham City que o Batman libertou enfim, do crime
organizado. Nada de extra para contar, um mundo hipotético tão triste quanto
feliz. No fim somos movidos a descontentamentos, a quedas que nos fazem levantar,
a lutas que muitas vezes perdemos e digamos que o Batman acabou com tudo isso.
Posso imaginar que mesmo ele deva estar em crise nesse momento. Zonas de
conforto não são assim tão divertidas, parece até um joguinho de video game que
você conseguiu jogar até o fim. Perde metade da graça que tinha no começo.
Esse não é um texto
que as pessoas vão ler e dizer que gostaram. Não irão se enxergar nas
histórias, nas desventuras, nas conotações. Até porque isso não é muito bem um
texto. É apenas escrever. E escrever no fim é sempre algo para si e não para os
outros. E enquanto escrevo isso, vou procurando um alfinete. Hora de estourar
essa bolha. O confortável está me gerando um tremendo desconforto.
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