domingo, 17 de março de 2013

Sobre Falta de Ideias, Obituário e o Novo Papa


  Hoje não tive ideias para escrever. Pensei em escrever sobre o papa, mas aí abri os portais de notícia e vi algo sobre o time de coração dele, sobre o nome dele, sobre a infância dele, sobre a caligrafia dele, sobre o sapato dele e parei de ler antes que desse com a opinião do novo papa acerca da transição dos contatos do Mensseger para o Skype, então seria mais um texto boiando por essa rede a fora. Pelo menos serviu para perceber que vou precisar de algo para fazer a noite, porque não vai dar pra assistir Fantástico ou Domingo Espetacular hoje, não mais que dez minutos. E só para deixar bem claro, nada contra o homem, só contra a mídia que adora exageros.
  O que pude notar é o quanto somos movidos a ideias. E o quanto as ideias são movidas a experiências. Por hora a fonte secou e resolvi soltar a imaginação para falar da falta desta. Não deu. Escrever é ter o que contar e não tenho feito mais que ir e vir, sem sair do lugar. Não tenho muito de novo para dizer. Amar, se aventurar, odiar, aprender. Nada disso, acho que as engrenagens quebraram pelo uso excessivo. O que tenho feito foi sonhar acordado e às vezes um pouco dormindo, algo que nem faz sentido de se referir aqui, uma vez que não gravo bem o que sonho, mesmo quando acordado. 
  Me sinto como um redator de obituário em plena Gotham City que o Batman libertou enfim, do crime organizado. Nada de extra para contar, um mundo hipotético tão triste quanto feliz. No fim somos movidos a descontentamentos, a quedas que nos fazem levantar, a lutas que muitas vezes perdemos e digamos que o Batman acabou com tudo isso. Posso imaginar que mesmo ele deva estar em crise nesse momento. Zonas de conforto não são assim tão divertidas, parece até um joguinho de video game que você conseguiu jogar até o fim. Perde metade da graça que tinha no começo.
  Esse não é um texto que as pessoas vão ler e dizer que gostaram. Não irão se enxergar nas histórias, nas desventuras, nas conotações. Até porque isso não é muito bem um texto. É apenas escrever. E escrever no fim é sempre algo para si e não para os outros. E enquanto escrevo isso, vou procurando um alfinete. Hora de estourar essa bolha. O confortável está me gerando um tremendo desconforto. 

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